O CONSELHO DADO A GIDEÃO
No livro de Juizes a história de Gideão chama a atenção pela grandeza da luta travada e da disposição de Deus em livrar seu povo depois de muitos anos na obscuridade da escravidão, sofrendo como um povo sem dono, sem liberdade, sem rumo. Não sabiam o que fazer, nem para onde ir, até que algo inesperado acontece a Gideão.
Não aceitando aquela situação, não se conformando com aquilo que estava acontecendo, ele vai inusitadamente, malhar o trigo no lagar. Estavam oprimidos, mas nem por isso iriam se conformar, pelo menos ele. Estava cansado de ser roubado. O anjo lhe diz com voz grave: “Vai nessa tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas.” Ele não aceitava que o seu povo sofresse tudo aquilo, esquecendo que o povo abandonara a Deus, indo após o deus da fertilidade e da chuva, Baal. Por isso Deus os entregou aos midianitas, parentes dos israelitas. Aquelas palavras do anjo foram como se tivesse dito: "Confia que você pode vencer esse povo e essa opressão, sair de todas essas agruras.” Belas palavras e um bom incentivo para nós hoje.
Não devemos nos conformar com as agruras, a opressão, e todas as dificuldades, pois elas vão passar, se continuarmos insistindo em vencê-las. A palavra de Deus é clara quanto a isso. Davi venceu um homem experiente, armado e perigoso, sem ter experiência de guerra; Salomão conseguiu reinar tranquilamente sem ao menos ter, no começo, aquela segurança de outros monarcas de seu tempo. Pediu ajuda a Deus e conseguiu o que tanto desejava; Josafá venceu um vasto exercito sem disparar uma flecha ou usar uma lança ou espada. Vemos que em todas essas situações Deus foi o referencial deles. Na verdade foi Deus quem os guiou e capacitou para isso.
Com o ato de malhar trigo no lagar e não na eira, ele estava dizendo que não iria aceitar aquilo, que não iria se conformar. Não foi à toa que Deus o escolheu para fazer aquela tão grande obra. Era dele, era para ele, ele que tinha que fazer aquilo. E fez bem feito. Para mostrar que foi mesmo Deus quem dera a vitória aos hebreus, os ismaelitas foram vencidos por trezentos homens. Não havia dúvida. Aprendi que se eu quiser ter a vitória que espero, vou ter que insistir, ser um inconformado com essa situação adversa minha. Não posso parar. Posso não chegar ao pódio no tempo que quero ou como quero. O importante é que chegarei a ele. Chego mais tarde, mais chego. Não posso simplesmente ficar lamentando uma má sorte ou uma agrura que acho injusta. Tenho que ser qual gideão: não devo me conformar com uma expectativa de fracasso. Vou seguindo, pois chegarei ao pódio. Cansei de olhar para os outros e ver o quanto são privilegiados, o quanto conseguiram crescer. Olho para mim e peço a Deus que me faça também um vencedor. Ele o fará. Vou usufruir também de minhas glórias, que virão no tempo certo. O que importa é isso.
É muito melhor pensar assim – que é o certo –, do que ficar perdendo tempo com mágoas e pensamentos voltados para o passado. Quem faz isso nunca cresce, não sai do lugar, como uma estátua fincada numa praça. O bom é você saber que pode vencer qualquer desafio se confiar em Deus e nunca desistir, ir até o fim. Isso e ir até ao fim me faz lembrar a recomendação clássica do anjo a Daniel. Ele foi mesmo até ao fim. É essa a grande diferença dos perdedores e vencedores. O primeiro desisti logo, o segundo prossegue até a luz raiar; e quando ela raia se vê logo que valeu esperar tanto ou sofrer tanto. Cada sofrimento é pago; cada lágrima derramada é logo trocada por algo que transcende tudo isso que trouxe sofrimento.
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